“Aparelho Sexual e Cia” será lançado no Brasil, após critica de Bolsonaro

Criticado pelo candidato à presidência, Jair Bolsonaro, (PSL), o livro Aparelho Sexual e Cia, de Zep, pseudônimo do suíço Phillipe Chappuis, será relançado neste mês de setembro pela pela Companhia das Letras.
A informação foi divulgada pela editora no Instagram, domingo (2).
O livro foi rechaçado por Bolsonaro, equivocadamente, quando afirmou durante entrevista ao Jornal Nacional, na última segunda-feira (27), que ele seria distribuído nas escolas brasileiras como parte do “kit gay”. Ele chegou a mostrar a capa do livro, dizendo que havia sido adquirido pelo Ministério da Educação como parte do projeto “Escola sem Homofobia”, apelidado pelos seus opositores de “kit gay”.
Após o comentário do candidato, a procura pelo livro subiu em sites de revendas, como Estante Virtual e Mercado Livre.
Na quarta-feira (29), a Companhia das Letras lançou nota em sua página do Facebook sobre o livro de autores franceses, afirmando se tratar de “uma obra que enfoca todos os aspectos da sexualidade, com sólida base pedagógica e rigor científico”.
O MEC também esclareceu, em nota, que a obra nunca fez parte do material proposto pelo Ministério. “O Ministério da Educação não produziu e nem adquiriu ou distribuiu o livro ‘Aparelho Sexual e Cia’, que, segundo vídeo que circula em redes sociais, seria inadequado para crianças e jovens brasileiros. O MEC afirma ainda que não há qualquer vinculação entre o ministério e o livro, já que a obra tampouco consta nos programas de distribuição de materiais didáticos levados a cabo pela pasta”, disse a nota.
Confira a nota da editora na íntegra:
A editora Companhia das Letras reitera que confia no conteúdo do livro Aparelho sexual e Cia, uma obra que enfoca todos os aspectos da sexualidade, com sólida base pedagógica e rigor científico. Justamente por sua seriedade e pela importância do tema — cuja dificuldade de tratamento foi superada pela leveza na abordagem de assuntos como a paixão, as mudanças da puberdade, a contracepção, doenças sexualmente transmissíveis, pedofilia e incesto —, a obra foi publicada em 10 línguas, vendeu mais de 1,5 milhões de exemplares no mundo, e foi transformada em exposição, que ficou em cartaz duas vezes na Cité des Sciences et de l’Industrie, em Paris, e viajou por 7 anos pela Europa, sem que tivesse recebido qualquer acusação ou reprimenda. Ao contrário, virou um modelo de como informar os jovens sobre temas importantes e incontornáveis, a partir de um tratamento comprometido e cuidadoso.
Gostaríamos de lembrar que Aparelho sexual e Cia foi lançado pelo selo juvenil da editora em 2007, e no nosso catálogo era sugerido para o 6º, 7º, 8º e 9º anos do Ensino Fundamental, ou seja, para alunos de 11 a 15 anos. A indicação de cada escola é livre, a Companhia das Letras não tem nenhuma interferência sobre ela.
O conteúdo da obra nada tem de pornográfico, uma vez que, formar e informar as crianças sobre sexualidade com responsabilidade é, inclusive, preocupação manifestada pelo próprio Estado, por meio de sua Secretaria de Cultura do Ministério da Educação que criou, dentre os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), um específico à “Orientação Sexual” para crianças, jovens e adolescentes. O livro conta ainda com uma seção chamada “Fique esperto”, que alerta os adolescentes para situações de abuso, explica o que é pedofilia — mostrando como tal ato é crime —, o que é incesto e até fornece o contato do Disque-denúncia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes e da Secretaria Especial dos Direitos Humanos.
Ao contrário do que afirmou erroneamente o candidato à Presidência em entrevista ao Jornal Nacional na noite de 27 de agosto, ele nunca foi comprado pelo MEC, como tampouco fez parte de nenhum suposto “kit gay”. O Ministério da Cultura comprou 28 exemplares em 2011, destinados a bibliotecas públicas.
Como o livro está esgotado, e o seu contrato, expirado, a editora está em contato com os proprietários para avaliação da possibilidade de disponibilizá-lo, novamente, para o público brasileiro.
Fonte Preto no Branco

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